quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Belo Horizonte, 01 de outubro de 2014. À Candidata à Presidência da República do Brasil, Sra. Dilma Rousseff. Assunto: Nota de Esclarecimento Prezada Senhora, Em relação à entrevista da candidata, concedida ao programa Bom Dia Brasil, da Rede Globo, na última segunda-feira, 22/09/2014, solicitamos esclarecimentos sobre a questão da continuidade das disciplinas de SOCIOLOGIA e FILOSOFIA como obrigatórias na grade curricular do Ensino Médio. Salientamos que a posição externada pela candidata naquela ocasião causou-nos profunda perplexidade e estranheza, razão pela qual encaminhamos este documento. Atenciosamente, Sindicato dos Sociólogos do Estado de Minas Gerais – SINDS MG Title Post
Mesmo sabendo que minha fala não terá ressonância junto ao FHC e seu séquito, posto ser eu uma Socióloga (não como ele que vetou integralmente projeto de lei aprovado pela Câmara e pelo Senado que tornava obrigatórias aulas de Filosofia e de Sociologia no ensino médio, sob a justificativa de onerar os cofres públicos, mas sabemos, temendo que os jovens exercitassem a crítica) e também por não pertencer à elite, não posso me furtar a expressar minha indignação frente à declaração do ex-presidente tucano que diz que eleitor de Dilma Rousseff é ignorante: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/10/fhc-diz-que-eleitor-de-dilma-e-ignorante.html. Saiba Sr. ex-presidente, que governos posteriores ao seu percebem o pobre, o miserável, não como receptor acrítico de programas de transferência de renda, mas como cidadãos de direito. Mais que “bolsistas” e ignorantes, os beneficiários do Bolsa Família são alvo de Políticas Públicas: saúde, educação, assistência social. Cada uma há seu tempo e a Assistência Social em particular (área que atuo profissionalmente) trabalham no sentido de contribuir para a reflexão, entendo que a situação de vulnerabilidade que se encontram é devido à alta desigualdade social produzida por setores elitista a que você, FHC, pertence. Contribui-se para a existência de sujeitos políticos, que conhecem seus direitos e, portanto sabem votar. Não Sr. FHC, não são uma massa de ignorantes e desinformados. Sim, o jornalista Elio Gaspari, tem toda razão, FHC é um DEMOFÓBICO. Ratifico nossa indignação com tamanho desrespeito e preconceito. Por Silvia Mara Pereira Diretora Presidente do SINDS MG
Belo Horizonte, 26 de setembro de 2014. Excelentíssima Presidenta Dilma Rousseff, Espero que esteja bem! Esse ofício chega em suas mãos como uma iniciativa do SINDS/MG (Sindicato dos Sociólogos de Minas Gerais) representando os sociólogos (bacharéis e licenciados) residentes em Minas Gerais. Temos acompanhado seus debates e discursos durante sua campanha presidencial. E houve uma fala, que sinceramente, creio ter sido mal interpretada por nossa categoria. Em reprodução a seguir, trata-se de uma entrevista concedida para Rede Globo de Televisão, exibida durante o programa Bom Dia Brasil no Dia 22/09/14. Minha querida, você não vai fazer três perguntas para mim, deixa eu acabar de responder, pelo amor de Deus, porque o debate é comigo, não é? Então, vamos embora. Olha lá, os dois anos, os anos finais do ensino fundamental e o ensino médio, de fato, não estão bons. Nós não conseguimos entrar na meta. Nos últimos anos do ensino fundamental, nos aproximamos. No ensino médio, não nos aproximamos. Nós temos esse diagnóstico do ensino médio. Tanto é assim que criamos o Pronatec. O Pronatec tem duas partes, uma parte é ensino técnico. Por que criar um ensino técnico? Porque o jovem do ensino médio, ele não pode ficar com 12 matérias, incluindo nas 12 matérias, filosofia e sociologia. Não tenho nada contra Filosofia e Sociologia, mas um currículo com 12 matérias não atrai um jovem. Então, nós temos que primeiro ter uma reforma nos currículos e isso não é algo trivial. O governo não faz isso por decreto, porque tem todos entes federados envolvidos. (Rousseff, Dilma. 22/09/14, G1). Muitos dos colegas de categoria têm reclamado junto ao SINDS/MG (Sindicato dos Sociólogos de Minas Gerais) sobre essa fala, o que, para eles, parece denotar uma pretensão em retirar à disciplina de Sociologia (como também de Filosofia) do ensino médio. Ao analisarmos a entrevista e a transcrição do texto referente a esta na íntegra, não é o que nos parece. No entanto, a nosso ver, cabe uma retratação sobre o citado acima. Pois isso pode prejudicar até mesmo o processo eletivo da candidata do PT. Paralelo a isso, vemos que o ensino médio necessita urgente de uma reforma no que tange à disciplina de Sociologia. Afirmamos isso a começar pela forma de contratação. Acompanhamos de perto uma situação onde o licenciado em processos seletivos de designação possui direito prioritário às vagas de Sociologia no ensino médio. Mas os bacharéis estão muito atrás, perdendo posição para historiadores, geógrafos, filósofos e mesmo biólogos, por possuírem o certificado de licenciatura. Não retiramos o mérito dos profissionais citados acima. Mas é correto afirmar que são profissionais da área de humanas biológicas e outras, mas não dominam por completo as Ciências Sociais. É válido salientar que os professores de outras áreas que assumem a disciplina de Sociologia no ensino médio tendem a enviesar o conteúdo trabalhado. Por exemplo: um historiador que completa seu cargo com a disciplina de Sociologia, trabalha o CBC (Conteúdo Básico Curricular) de forma superficial. O que leva o aluno a ter consciência de fatos (acontecimentos), mas não analisá-los de forma correta. O que, em larga escala pode gerar eventos como os de junho de 2013. Não são todos os sociólogos que optam pela licenciatura. Mas a maioria dos bacharéis dessa categoria quer lecionar por um determinado período. Acredita-se que dessa forma, é possível contribuir de forma concisa para uma formação eficiente de alunos ouvintes dessa disciplina. Por outro lado, contribui na formação acadêmica de pesquisadores da área que se embrenham no desenvolvimento da Sociologia e Ciências Sociais no Brasil. A Sociologia e as Ciências Sociais não trabalham apenas com fatos esparsos. Nossas análises são importantes para compreensão apurada de tomada de decisões acertadas. Vale salientar o compromisso de trabalhar e desmistificar toda “inversão de valores” que resulta em violência (seja racial, de gênero, entre outras). Isso significa que, além de ensinar um conjunto de ciências sociais, existe uma obrigação de combater todo tipo de negação a vida. Para finalizar essa pauta, vale lembrar que o aluno do ensino médio deve possuir em seu processo de formação um raciocínio crítico liberto da indução de elementos que o mantenha na condição de subalterno. Deixamos aqui nosso parecer e esperamos ser contemplados a partir da leitura deste documento. Atenciosamente! Sindicato do Sociólogos do Estado de Minas Gerais – SINDS MG Curtiritle Post